A menstruação é um processo natural do sistema reprodutor feminino e acontecem todos os meses por boa parte da vida das mulheres, geralmente do início da adolescência até a menopausa. Zelar para que todas as pessoas que menstruam tenham acesso a médicos ginecologistas e higiene básica são maneiras de garantir a saúde menstrual, que esteve em pauta nos últimos tempos devido ao veto do presidente Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes às pessoas em situação de vulnerabilidade.
Na Câmara Municipal de Poços de Caldas, inclusive, houve uma moção de apelo ao Congresso Nacional para que derrube o veto presidencial conferido ao projeto de lei que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.
A situação trouxe à tona um problema que acomete muitas mulheres em situação de vulnerabilidade social: a pobreza menstrual – que está diretamente ligada à saúde menstrual. O termo teve origem na França e, segundo a antropóloga Mirian Goldenberg, pode ser classificado como a falta de acesso aos itens básicos de higiene durante o período de menstruação, bem como a falta de informação, de recursos para os absorventes e principalmente a falta de apoio.
No Brasil a experiência de muitas mulheres nessa situação é o desespero e o improviso. Meias, roupas velhas, sacolas plásticas e até miolo de pão são usados para conter o fluxo menstrual. Deixar com que mulheres passem por isso mês a mês é, além de desumano, um grande problema de saúde pública.
Uma das justificativas do Governo Federal para vetar a distribuição de absorventes foi que não há uma fonte de recursos “apropriada” para viabilizar o projeto. Investir no combate à pobreza menstrual é, imediatamente, investir na saúde menstrual de mulheres nas mais diversas situações de vulnerabilidade.
Algo que inclusive economicamente faz sentido. Mesmo que o governo trate a saúde menstrual como questão puramente de verba é interessante viabilizar a distribuição de absorventes.
O acesso à higiene menstrual adequada resolve muitos problemas, do prejuízo na vida escolar de meninas que deixam de ir à escola por não terem como conter a menstruação até evitar patologias uroginecológicas que comprometem ainda mais a qualidade de vida dessas mulheres – que precisam ainda mais do SUS para tratá-las. A luta pela saúde e dignidade tem muitas faces e reivindicar a saúde menstrual é muito importante entre essas.
Dra. Regina
Vereadora/Médica
Gestora em Saúde Pública