Dra. Regina Cioffi

Medicamentos em casa e importância de não interromper um tratamento

Entre os médicos, chamamos de adesão ao tratamento quando o comportamento do paciente coincide com as recomendações médicas, o que inclui entre outras coisas, tomar corretamente as medicações. A adesão do paciente é imprescindível para que um tratamento seja bem sucedido, mas nem sempre isso acontece.

Nesses casos, interromper o seu tratamento antes do término expõe o paciente ao risco de não ter a doença curada, ainda que muitas vezes haja uma melhora aparente.

Quando falamos de doenças crônicas, apenas cerca de metade dos pacientes toma a medicação corretamente em 80% do tempo e isso é um perigo para a saúde. Os riscos de interromper o tratamento sem supervisão médica são grandes. A hipertensão arterial, por exemplo, ataca os vasos, coração, rins e cérebro.

Esse se torna um problema complexo porque não se trata apenas de não seguir as recomendações. Não aderir ao tratamento pode envolver desde a aceitação do paciente de sua condição até questões socioeconômicas e de mobilidade, por exemplo.

É aí que o projeto Medicamento em Casa entra em ação como uma maneira importante de evitar que a adesão aos tratamentos seja interrompida pelos pacientes.

Hoje, o projeto de minha autoria se tornou a lei municipal 9464, de 08 de julho de 2021, e já está funcionando em Poços de Caldas para oferecer comodidade aos pacientes e ainda auxiliar no controle sobre os medicamentos de uso crônico.

Com Medicamento em Casa, idosos com mais de 60 anos, pessoas com mobilidade reduzida ou com doenças crônicas passam a receber todos os medicamentos que precisam na porta de suas casas, de forma totalmente gratuita.

Funciona assim: a equipe do SAD disponibiliza as prescrições de cada paciente para a Assistência Farmacêutica, cuja equipe entra em contato para que o paciente autorize o recebimento do medicamento em sua casa. Então, os motoristas da Secretaria de Saúde, realizam a entrega.

Há um carinho especial por esse projeto porque, além de ser fruto de muito trabalho, nos dá uma ferramenta muito potente de promoção à saúde. Disponibilizar acesso aos medicamentos é contribuir diretamente com a qualidade de vida de muitos pacientes e não há nada mais gratificante do que fazer algo que pode, literalmente, mudar a vida de alguém.