É possível que você conheça alguma mulher vítima de violência doméstica que, por mais que seu sofrimento seja visível, não consegue se desvincular do agressor. É revoltante e parece incompreensível, há até quem julgue a vítima. Mas a verdade é que a violência contra mulher é algo mais profundo do que parece ser e os agressores têm métodos para perpetuar a violência. Conhecer o ciclo e saber identificar as etapas pode ser o primeiro passo para o combate à violência.
Ao contrário do que muitas vezes se imagina, o ciclo da violência começa como uma Lua de Mel. Tudo parece perfeito e o agressor faz com que a mulher se sinta a mais especial de todas, é quando ele age para aprisionar a vítima. Isso, no entanto, só fica claro no próximo estágio, a tensão. Ele começa, geralmente, com críticas sutis e pouco depois explode por quaisquer que sejam os motivos, fazendo a vítima se sentir culpada pelo comportamento que ele tem.
É aí que as coisas pioram. Tudo passa a ser motivo para desavenças e a agressão vem junto com a negação de que ela existiu. Os episódios de violência acontecem sob a justificativa de que a grande culpada é a vítima e o agressor só se defendeu: “ela é louca, não foi bem assim, ela está exagerando” são justificativas comuns.
Há um ponto importante que impede que o ciclo da violência seja quebrado: a impunidade. São pouquíssimos os casos de violência que chegam a receber uma denúncia formal e ainda é comum que nenhum tipo de punição seja aplicada ao agressor. Isso faz com que ele se sinta seguro para perpetuar as situações de violência. Ele perde perdão, finge uma lua de mel e pronto: inicia um novo ciclo.
A pergunta que faço é: o que nós podemos fazer para romper esse ciclo? Enquanto vereadora são muitas as respostas possíveis. É preciso elaborar diferentes ações, que atuem por diferentes caminhos, para que possamos garantir que cada vez mais mulheres se libertem do ciclo de violência.
O controle do pânico, por exemplo, agora é lei em Poços de Caldas e auxilia mulheres em situação de risco assistidas pelo Programa de Proteção à Mulher a pedirem ajuda quando se sentirem ameaçadas. O dispositivo deverá possuir uma ferramenta de localização e gravação de áudio, ligados automaticamente com o acionamento.
Outro projeto aprovado pela Câmara Municipal foi criado para evitar que condenados pela Lei Maria da Penha sejam nomeados para cargos públicos na cidade. A iniciativa é importante para interromper o ciclo de violência no estágio de impunidade, já que impede que os agressores sigam com suas carreiras intactas enquanto as vítimas carregam as marcas profundas da violência. A longo prazo, a aposta é o empoderamento feminino. Com o projeto aprovado, o Sistema “A Mulher Na Política” nasce para incentivar e capacitar mais mulheres para participarem ativamente da vida política. Somente assim é possível que cada vez mais vozes se juntem para entoar: não a violência contra mulher.