Dra. Regina Cioffi

Devemos falar sobre a Pedofilia

As situações de abuso sexual infantil chegaram a um ponto crítico na internet, se espalhando de forma sem precedentes. Em parte, por culpa das plataformas que não conseguiram acompanhar ou monitorar a questão. O debate, no entanto, também tem sido muito raso junto à sociedade: o que leva uma pessoa a abusar sexualmente de crianças?

A ciência nos últimos anos começou a fornecer algumas respostas. Em especial, chama a atenção um ponto que a maioria dos pedófilos tem em comum: eles descobrem, geralmente já adultos, que suas preferências sexuais não amadureceram como as de todo mundo. A maioria fica presa nos meninos ou meninas da mesma idade que os atraíram no início da puberdade, embora alguns mantenham o interesse em crianças muito mais novas.

Ao longo das últimas décadas, psicólogos, especialistas forenses e outros profissionais têm estudado a pedofilia, um distúrbio caracterizado por “fantasias, impulsos ou comportamentos recorrentes e intensos envolvendo atividade sexual com uma criança pré-púbere”, de acordo com o manual de diagnóstico da psiquiatria. Esses especialistas entrevistaram pacientes, reunindo histórias de vida e realizando uma grande quantidade pesquisas científicas.

Embora nenhum estudo ofereça uma imagem completa, um retrato começa a surgir e ajuda a elucidar a dinâmica mental por trás do aumento das imagens de abuso e da depravação que elas retratam. Essas descobertas também desafiam os estereótipos comuns sobre o que é pedofilia.

A maioria dos criminosos são homens que atacam crianças de 6 a 17 anos. Mas, importante ressaltar, as mulheres também cometem crimes diretos. À medida que os cientistas procuram entender como o distúrbio se desenvolve, há um consenso crescente de que a origem é em grande parte biológica. Essa visão é baseada em parte em estudos que apontam para traços físicos sutis que têm maior incidência entre os pedófilos. Fatores psicológicos e do ambiente também podem contribuir, embora ainda não esteja claro quais seriam eles.

Por outro lado, a desculpa comum de que os próprios pedófilos foram abusados ​​quando crianças hoje em dia têm menos apoio. As crianças e adolescentes vítimas de abuso correm um risco muito maior do uso de drogas no futuro, depressão e estresse traumático persistente do que se tornarem molestadores. Quando localizados, a grande maioria dos pedófilos nega qualquer abuso sexual na infância, embora utilizem dessa desculpa para ter a simpatia do judiciário.

Os casos de abusos sexual, por sua própria natureza, causam constrangimento e medo, e por isso na maioria das vezes não são denunciadas às autoridades, deixando o abusador livre para continuar seus crimes. Qualquer pessoa pode denunciar! Inclusive através de denúncia anônima. Basta comparecer, acessar ou telefonar para um dos locais abaixo, passando as informações que tiver. Está em nossas mãos salvar a dignidade, a saúde e muitas vezes a vida de uma criança.

As denúncias de abuso sexual podem ser feita através da Promotoria de Justiça da Vara da Infância e Juventude, ao Conselho Tutelar, ao “Disque 100” – Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República com permissão de denúncia anônima e também pela internet através do site Safernet – Combate a Pornografia Infantil na Internet no Brasil no endereço www.safernet.org.br e na Central Nacional de denúncias de crimes cibernéticos através do site: www.denunciar.org.br

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