Dra. Regina Cioffi

Dezembro Vermelho e o olhar atento para o HIV

Quem mora em Poços de Caldas já deve ter visto que o Cristo Redentor está iluminado com a cor vermelha nesse mês de dezembro e já houve até quem tenha dito que é para entrar em clima de Natal. A cor, na verdade, é o símbolo da campanha nacional de prevenção ao HIV/AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

Assim como acontece com o Outubro Rosa, sobre o câncer de mama, e Novembro Azul, sobre o câncer de próstata, o Dezembro Vermelho tem como objetivo chamar atenção para as medidas de prevenção, assistência e proteção e promoção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV.

Quem viveu nos anos de 1980 sabe que, àquela época, o diagnóstico de HIV era quase uma sentença de morte. Foi somente no início da década de 1990 que as terapias começaram a surgir e caminharam para o que conhecemos hoje: um tratamento eficaz, garantido a todos pelo nosso Sistema Único de Saúde (SUS), que dá aos pacientes uma boa qualidade de vida.

Muitos foram os estigmas relacionados à doença e até hoje o preconceito ronda os pacientes com HIV. O conhecimento é a virada de chave que faz com que mais pessoas entendam o problema, as alternativas que existem para ele e se atentem mais à importância da prevenção, testagem e tratamento.

O primeiro ponto é que HIV e AIDS não são sinônimos. O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da aids, que ataca células específicas do sistema imunológico responsáveis por defender o organismo contra doenças. No entanto, ter HIV não significa que a pessoa desenvolverá AIDS. Porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda sua vida.

Já a AIDS é a doença causada pelo HIV, que ataca as células específicas do sistema imunológico que são responsáveis por defender o organismo de doenças. Quando chega a um estágio avançado da infecção pelo HIV, o paciente pode apresentar sintomas, e infecções oportunistas, por exemplo pneumonias atípicas, infecções fúngicas e parasitárias, além de alguns tipos de câncer.

Por isso o tratamento antirretroviral é tão importante. Sem ele, o HIV usa essas células do sistema imunológico para replicar outros vírus e as destroem, tornando o organismo incapaz de lutar contra outras infecções e doenças.

A transmissão do HIV, bem como de outras IST, pode acontecer da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação, mas a principal causa da transmissão são as relações sexuais sem preservativos masculinos ou femininos.

Por isso, caso haja contato sexual desprotegido, a principal recomendação é fazer um teste. O SUS disponibiliza gratuitamente a todos, basta procurar uma unidade básica de saúde da rede pública ou os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).

Caso o teste aponte positivo para o HIV, o tratamento pode ser iniciado gratuitamente também. Desde 1996, o Brasil distribui pelo SUS (Sistema Único de Saúde) todos os medicamentos ARV e, desde 2013, o SUS garante tratamento para todas as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), independentemente da carga viral.

Falar sobre esse assunto é o caminho pelo qual todos nós podemos contribuir com o Dezembro Vermelho. Além de promover a prevenção, a conscientização sobre o problema é um caminho importante para acolher os pacientes, incentivar o tratamento e erradicar o preconceito.