Nós, mulheres, reconhecemos a força que temos e o potencial de transformação que cada uma traz dentro de si. Mas neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, os motivos para se lastimar parecem se sobressair às razões para celebrar tudo de bom que somos.
Recentemente, em um momento delicado com o cenário de guerra no leste europeu, o deputado estadual de São Paulo, Arthur do Val (Podemos), fez com que sua viagem à Eslováquia – inicialmente feita para ajudar os refugiados na fronteira da Ucrânia – se transformasse em um episódio repugnante de machismo.
Em um áudio enviado a amigos no WhatsApp, o deputado conhecido como “Mamãe Falei” disse atrocidades das mais diversas formas sobre as mulheres ucranianas. Das policiais às refugiadas, nenhuma mulher escapou dos comentários repugnantes que Do Val se sentiu à vontade para fazer sobre suas “descobertas” no país em guerra.
Como justificativa, o deputado de 35 anos se justificou afirmando ser homem e jovem e dizendo que “relaxou” após retornar da Ucrânia para a Eslováquia. Diante disso, é preciso pensar: um deputado estadual é eleito pela crença de seus eleitores de que ele será capaz de propor ou revogar leis para que o bem estar seja mantido.
Mas será que alguém capaz de dizer barbáries sobre aquelas que tentam sobreviver a uma guerra está preparado para defender os interesses das mulheres para as quais legisla? E se ele, que até então era pré candidato ao governo de São Paulo, não é capaz de tratar mulheres minimamente com respeito, quem poderia assumir papéis políticos para mudar cenários como esses?
Outras mulheres, eu insisto em dizer. Vivemos no mundo em que sabemos que o que Do Val disse pode ser, infelizmente, o pensamento de muitos outros homens que vivem inseridos em sua bolha social machista. Portanto, é preciso pensar que somente mulheres estariam prontas para defender e lutar por outras mulheres.
É por isso que o trabalho para que cada vez mais mulheres encontrem seu poder e assumam postos políticos nunca para, só cresce. Para romper os inúmeros e diversos cenários de violência de gênero, essa é a única via para que o futuro seja construído passando longe de caminhos onde é aceitável desrespeitar – e até desumanizar as mulheres. Só assim, os artigos de Dia da Mulher serão, no futuro, para celebrar os grandes feitos femininos e não para combater o machismo.