Algo que chama a atenção no debate sobre o aborto é quão pouco o aborto em si é realmente debatido. A sensibilidade que envolve toda a questão e os sentimentos antagônicos de tantos brasileiros sobre o tema, mostram que a maioria dos políticos e que até mesmo muitos especialistas não gostam de falar sobre o assunto.
Hoje, a atual polarização tão frequente em nossa sociedade, especialmente no que diz respeito à questão política, nos leva pelo perigoso caminho de que quando alguém apresenta um ponto de vista diferente do nosso, que o outro lado está sempre agindo por interesse pessoal ou má fé. Esse acirramento faz com que as mais diversas acusações sejam comuns. No fim das contas, faltam bons argumentos e posicionamentos daqueles que são pró-escolha ou pró-vida.
No nosso sistema legal, é possível encontrarmos garantias de que os seres humanos devem ser protegidos de qualquer forma de violência. Essa garantia, aliás, fica evidente de diferentes maneiras, especialmente na nossa Constituição. E mais do que isso. A não violência também está registrada na história, seja nos Dez Mandamentos ou na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Tais garantias, seculares, devem ser cumpridas. Quando contrárias, penalidades devem ser aplicadas. Especialmente quando praticados crimes que podem privar alguém do direito à vida.
Não há como negar que o aborto é uma forma de violência a um ser humano. Em um estágio menos avançado de compreensão científica, décadas atrás, ainda era possível acreditar ou defender a teoria de que um embrião ou feto era de alguma forma inerte ou vegetativo até a chamada vivificação, após 9 meses de gravidez.
Hoje, com a ciência avançada, sabemos que o embrião não é apenas uma célula com potencial, como um espermatozóide ou um óvulo, ou uma parte constituinte do tecido humano, como uma célula da pele. É um organismo humano que passa a existir na concepção, e cada estágio de sua vida biológica, desde a infância até a meia-idade e além, é parte de um único processo contínuo que começou quando era apenas um zigoto.
Sabemos pela embriologia, em outras palavras, não pelas escrituras ou pela filosofia, que o aborto mata um membro da espécie humana, um ato que em todos os contextos é proibido por lei. No Brasil, as exceções, bem como as regras para o aborto, fazem parte da lei.
O que nosso país precisa é de políticas públicas dirigidas ao bem comum, que não violem o direito à vida ou à dignidade humana. Salvar a vida humana é salvar o mundo, é preservar o futuro da humanidade, é atender ao compromisso que recebemos de Deus para a multiplicação da vida humana, por isso, não ao aborto!