Dra. Regina Cioffi

Ninguém pode ficar para trás: a desigualdade na educação

A covid-19 é uma doença nova e comportamental. A sua prevenção depende essencialmente de hábitos, desde lavar a mão até o distanciamento social. Diante disso, muitos aspectos mudaram na nossa rotina. A ida ao supermercado virou um evento e os abraços terão que esperar. Com a escola não foi diferente, de presencial, ela foi para o modelo remoto.

O ensino remoto, no início da pandemia, se apresentou como algo emergencial, para que os alunos não perdessem muito conteúdo e pudessem recuperar o tempo longe das salas de aula. Com isso, houve a otimização das plataformas de ensino, até então, usadas geralmente como apoio as aulas dadas presencialmente – especialmente – no ensino fundamental.

Contudo, a conexão ou não à essas plataformas escancararam a desigualdade de acesso digital no país. As experiências de aprendizado por meio da internet com um aparelho de boa tecnologia, ou por meio de uma apostila interferem diretamente na absorção do conteúdo. Um levantamento feito pela União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime) e pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), em parceria com o Centro de Inovação para a Educação Brasileira, apontou que apenas 33% dos domicílios brasileiros possuem computador  com acesso à internet.

Problemas socioeconômicos, como a dificuldade na geração de emprego e renda, moradias, saneamento básico, mostraram de maneira mais incisiva seus efeitos na educação. Provocando o abandono do ensino e distorção entre idade e série escolar. Segundo uma pesquisa da UNICEF, 1,38 milhão, ou seja, 3,8% dos estudantes entre 6 e 17 anos, abandonaram as instituições de ensino.

Em 2020, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) registrou 50,5% de abstenção, um recorde histórico. O medo do contágio durante a prova foi um dos fatores, junto com a sensação dos estudantes de não se sentirem preparados academicamente para realizarem as provas.

Eu acredito em uma educação, onde ninguém deve ficar para trás. Não podemos naturalizar a desigualdade na educação, porque ela reflete em tantas outras desigualdades. Durante a pandemia, o ensinar diante de tantas incertezas foi ainda mais heroico e deixo aqui meus parabéns aos educadores e pais/responsáveis. O retorno às aulas presenciais deve acontecer de maneira programada e ordenada para que não haja prejuízo na saúde e nem na educação. A discussão tem que ser agora. Eu quero saber a sua opinião: o que você acha sobre o ensino remoto? Participe do meu mandato e me mande uma mensagem pelo (35) 99767-4613