A premiação do Oscar sempre gera comentários, mas na última edição os prêmios ficaram em segundo plano e a notícia que tomou conta da internet e das rodas de conversa foi o tapa que o ator premiado deu no rosto do comediante que apresentava o programa.
O episódio que aconteceu na maior premiação do cinema escancara o que acontece o tempo todo em nosso cotidiano: violência sendo respondida com violência.
Embora o caso tenha dividido opiniões entre os limites da piada e as justificativas para a agressão, há uma unanimidade ao reconhecermos que a falta de respeito, da brincadeira ao tapa, é a raiz perigosa das mais diversas formas de violência. E, independente de quem é julgado certo ou errado, todas as elas deveriam ser combatidas.
Não é preciso dizer que condições do corpo, características físicas ou mentais não são motivo de piada. E quando alguém insiste em torná-las, as feridas causadas em quem ouve os comentários maldosos podem doer tanto quanto um tapa.
Mas se isso é evidente, por que um comediante sentiu-se à vontade em atingir alguém tocando em um assunto delicado em um programa visto por pessoas de todo o mundo?
Do outro lado, por que, dentre tantas possibilidades para lidar com o acontecido, a forma de combater uma violência foi outra?
Os debates sobre respeito e limite que começam longe, entre as celebridades, devem estar também nas reflexões que fazemos sobre nossas próprias relações. No trânsito, por exemplo, quantos são os casos em que presenciamos uma violência sendo respondida com outra?
E se distantes como estamos dos artistas premiados do Oscar não podemos fazer nada em episódios de violência, o melhor é que façamos aqui, onde vivemos. É preciso pensar como sempre cabe uma dose a mais de respeito em todas as ocasiões. É isso o que provavelmente evitaria todo o conflito: não falar do corpo e das condições de outras pessoas e não reagir com agressões físicas deveria ser o mínimo em qualquer circunstância.